{"id":238,"count":98,"description":" \r\nO ano de 1989 come\u00e7ou com uma mostra de dan\u00e7a portuguesa contempor\u00e2nea, iniciativa que alguns anos antes seria dificilmente pens\u00e1vel, mas que, no seguimento das v\u00e1rias mostras de dan\u00e7a apresentadas pelo ACARTE e da vitalidade que esta \u00e1rea come\u00e7ou a ter, se revelou particularmente relevante. E, de facto, muito embora algumas vozes cr\u00edticas considerassem ainda um \u2018risco\u2019 o Servi\u00e7o ACARTE, da Funda\u00e7\u00e3o Calouste Gulbenkian, apostar assim em \u201cquem ainda n\u00e3o deu provas das suas virtualidades\u201d era j\u00e1 not\u00f3ria a necessidade de cria\u00e7\u00e3o de espa\u00e7os e de meios para o desenvolvimento daquela que parecia ser uma express\u00e3o com for\u00e7a no pa\u00eds. Reflectindo os esfor\u00e7os do Servi\u00e7o na descentraliza\u00e7\u00e3o, a mostra teve uma extens\u00e3o ao Porto, ao Teatro Carlos Alberto, e como esta outras iniciativas deste ano se desdobraram pelo territ\u00f3rio, tendo sido apresentada tamb\u00e9m em Coimbra, na BUC [Bienal Universit\u00e1ria de Coimbra], festival que teve uma import\u00e2ncia capital na revela\u00e7\u00e3o dos core\u00f3grafos que mais tarde fizeram parte do conjunto heter\u00f3clito que se agrupou sob a designa\u00e7\u00e3o de Nova Dan\u00e7a Portuguesa, como se ver\u00e1 em pormenor no ep\u00edlogo.\r\nEm Fevereiro, a performance-arte, que em 1987 e 1988 tinha estado ausente da programa\u00e7\u00e3o do ACARTE, regressou em jeito de tributo, apresentada num Ciclo de Arte Experimental em homenagem a Ernesto de Sousa, entretanto falecido. O ciclo contou com a presen\u00e7a de alguns dos nomes que marcaram os primeiros anos de actividade do ACARTE. O m\u00eas continuou com m\u00fasica: Vertentes de Teatro Musical, um ciclo que agrupou a colabora\u00e7\u00e3o entre Pedro Calapez e M\u00e1rio Vieira de Almeida, e a experimenta\u00e7\u00e3o de Constan\u00e7a Capdeville e Manuel Cintra levada a cabo nos Cursos O Teatro Musical e o Int\u00e9rprete Hoje; e o ciclo Vozes do Mundo, desta feita com sonoridades da Tail\u00e2ndia e da Maurit\u00e2nia. \r\nO teatro regressou em Mar\u00e7o, com Zone, de Guillaume Apollinaire, e em Abril com Doublages, de Jean-Paul Wenzel. A reflex\u00e3o e o debate reapareceram com um ciclo que teve forte repercuss\u00e3o p\u00fablica: O Sagrado e as Culturas.\r\nContinuaram as apresenta\u00e7\u00f5es bimestrais do Jornal Falado de Actualidade Liter\u00e1ria, pelo PENCLUBE portugu\u00eas. Em Abril as marionetas regressaram ao ACARTE, com apresenta\u00e7\u00f5es radicalmente distintas entre si, e em Maio teve lugar a terceira edi\u00e7\u00e3o do ciclo Aspectos da Dan\u00e7a Contempor\u00e2nea, desta feita com foco na Am\u00e9rica do Norte. A cr\u00edtica dava ent\u00e3o conta de um \u201ccorpo que agindo \u00e9 mais corpo\u201d e \u201cse gere hoje por outras normas\u201d transformando \u201co que antes era libertinagem em libert\u00e1rio\u201d . \r\nEm Junho, o ACARTE acolheu o col\u00f3quio Opera\u00e7\u00f5es do Gosto, onde a proposta, vinda da parte do soci\u00f3logo e agente cultural Orlando Garcia, numa altura em que a Sociologia da Cultura estava a dar os primeiros passos no pa\u00eds, implicou um exerc\u00edcio de reflex\u00e3o interna. At\u00e9 que ponto institui\u00e7\u00f5es como o ACARTE, o ARCO, o Centro Nacional de Cultura ou a Cooperativa \u00c1rvore se poderiam considerar como tendo contribu\u00eddo para uma altera\u00e7\u00e3o do \u201cgosto\u201d nacional \u2013 ou, estendendo a reflex\u00e3o desenvolvida nos cap\u00edtulos anteriores e aplicando-a \u2013 de que forma teriam estas institui\u00e7\u00f5es contribu\u00eddo para a forma\u00e7\u00e3o do tal \u201cpovo pop\u201d de que d\u00e1 conta Rui Bebiano?\r\n A iniciativa contou com a participa\u00e7\u00e3o de uma s\u00e9rie de nomes da critica especializada e medi\u00e1tica que estavam a emergir por estes anos.\r\nA esta iniciativa, depois da habitual Festa da M\u00fasica Europeia, seguiram-se os Encontros Luso-Americanos sobre Arte Contempor\u00e2nea, no \u00e2mbito dos quais o ACARTE organizou uma s\u00e9rie de concorridas sess\u00f5es de v\u00eddeo e cinema drive in, em que foram discutidos temas fracturantes da d\u00e9cada, como a SIDA. O m\u00eas seguinte arrancou com a IV edi\u00e7\u00e3o da Dan\u00e7a no Anfiteatro.\r\nSe Agosto era cada vez mais o m\u00eas de Jazz em Agosto, Setembro foi o m\u00eas dos mais densos e intensos Encontros ACARTE da Direc\u00e7\u00e3o de Madalena Perdig\u00e3o e os \u00faltimos que co-programou com George Brugmans \u2013 j\u00e1 sem Roberto Cimetta, entretanto falecido, pois tamb\u00e9m Madalena Perdig\u00e3o haveria de falecer pouco depois. Esta edi\u00e7\u00e3o trouxe finalmente a Portugal Pina Bausch e Tadeusz Kantor, nomes maiores da cena mundial, h\u00e1 muito aguardados, juntamente com propostas emergentes e experimentais como era j\u00e1 apan\u00e1gio da iniciativa. A imprensa multiplicou as reportagens, cr\u00edticas e acompanhou de perto as propostas que estiveram frequentemente lotadas. E isso mesmo quando algumas das propostas apresentadas n\u00e3o eram do agrado pessoal deste ou de aquele cr\u00edtico especializado. \r\nA comemora\u00e7\u00e3o do Dia da M\u00fasica com um espect\u00e1culo dedicado a Erik Satie e o col\u00f3quio O Juda\u00edsmo na Cultura Ocidental, incluindo a estreia da pe\u00e7a \u201cO Contrabaixo\u201d, marcaram o m\u00eas de Outubro. \r\nA Dan\u00e7a continuou em Novembro, com a apresenta\u00e7\u00e3o de Solos para Nijinski, onde a jovem bailarina do Ballet Gulbenkian Vera Mantero apresentou o solo Uma Rosa de M\u00fasculos, e o m\u00eas avan\u00e7ou com o Col\u00f3quio Luso-Espanhol de Arte Contempor\u00e2nea, ao que se seguiu a Mostra de Dan\u00e7a Espanhola Contempor\u00e2nea. Madalena Perdig\u00e3o falecer\u00e1 por esta altura, sendo interrompida a Mostra por alguns dias. O ano terminou com mais uma edi\u00e7\u00e3o de Dezembro Infantil, apresentando teatro para crian\u00e7as, com a presen\u00e7a do Black Lantern Theater.\r\n","link":"https:\/\/acarte.pt\/category\/1989\/","name":"1989","slug":"1989","taxonomy":"category","parent":0,"meta":[],"acf":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/acarte.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories\/238"}],"collection":[{"href":"https:\/\/acarte.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories"}],"about":[{"href":"https:\/\/acarte.pt\/wp-json\/wp\/v2\/taxonomies\/category"}],"wp:post_type":[{"href":"https:\/\/acarte.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts?categories=238"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}