Sobre
Já em Março, num esforço de apoiar as experiências teatrais fruto da descentralização, o Acarte apresenta “A hora do Lobo” pelo teatro da Rainha. Escreve Madalena Perdigão a esse respeito:
“A descentralização cultural compreende também, no nosso entender, a apresentação em Lisboa de espectáculos realizados na província. Uma descentralização de sentido inverso ao habitual e que contrária a noção – implícita no outro sentido – de serem por definição superiores as manifestações artísticas criadas na capital. O carácter de colonização cultural que marca a descentralização no sentido Lisboa-província esta ausente desta outra que o ACARTE promove, em fidelidade aos seus princípios programáticos, ao apresentar a Companhia do Teatro da Rainha, sediada nas Caldas da Rainha. Trata-se, alias, da segunda manifesta9ao deste tipo, tendo a primeira sido constituída pela apresenta9ao, na Sala Polivalente do Centro de Arte Moderna, do Teatro de Enormidades Apenas Criveis a Luz Eléctrica, sobre tectos de Aquilino Ribeiro, em co-produção com Área Urbana de Viseu e depois de este espectáculo ter sido estreado no velho Teatro Viriato daquela cidade. Marco importante no percurso do ACARTE, lhe chamámos então, e 0 mesmo poderíamos dizer do acontecimento que agora nos ocupa, a estreia em Lisboa de «A Hora do Lobo ou a Verdadeira História de Ah Q» de Christoph Hein. Acontecimento que representa também um acto de homenagem aos chamados Grupos de Teatro Independentes, de que 0 Teatro da Rainha faz parte, e que tem desempenhado nos últimos anos um papel de relevo no panorama teatral português. Trabalhando com enormes dificuldades, arrostando por vezes com a indiferença do publico, os Grupos de Teatro Independentes bem merecem que 0 seu heróico labor seja objecto de provas publicas de respeito e admiração, como esta pretende ser.
Fevereiro de 1986
Maria Madalena de Azeredo Perdigão”
Ficha Técnica
Companhia
TEATRO DA RAINHA
Revisão
VERA SAMPAIO LEMOS
Tradução
JOSÉ PEIXOTO
Direcção de Produção
EMÍLIA ROSA