Sobre

Ainda em Fevereiro, o ACARTE apresenta, em colaboração com o Instituto Britânico, o mimo David Glass, cujas temáticas urbanas se exprimem por meio de uma mistura de influências vindas da mímica e da dança moderna, com música de Grace Jones, Talking Heads, David Sanborn e Philip Glass. David Glass esclarece, porém, que o seu trabalho não tem “intenções políticas” é apenas a sua “maneira de reagir ao mundo que [o] rodeia.” Em sua opinião, como se lê no mesmo artigo “a juventude perdeu todos os valores.” Interrogado sobre se “a [juventude] portuguesa também?” Glass responde que “a portuguesa ainda não é como esta, mas arrisca-se a seguir o mesmo caminho.”(Diário Popular, 25-2-1985)

A crítica, porém, divide-se em relação ao seu trabalho: “Bailarino, acrobata, travesti, palhaço, tudo isto David Glass é, diz, comunica através do corpo e dos seus movimentos, dos gestos e da sua expressão, do rosto e das mil e uma fisionomias. Um espanto!” pode ler-se no Diário Popular (Diário Popular, 25-2-1985). Já para Carlos Porto, do Diário de Lisboa: “David Glass chegou até nós como um homem que tem tentado de uma forma algo inovadora romper as fronteiras tradicionais da mímica, acrescentando-lhe a dança, tentando fundir esta com aquela numa via arrojada e dinâmica. […] Tentando superar um rosto demasiado duro e um corpo inexpressivo, algo demasiado grave num mimo, David Glass preenche essas lacunas recorrendo sistematicamente à palavra […], aos sons […], à música e à luz […], aos ritmos modernos […]. Tudo isto funciona afinal como conveniente “bengala” […]. Para quem já teve a possibilidade de ver talentos como Jean-Louis Barrault ou Marcel Marceau, a inovação trazida por uma Nova Era ou, mais recentemente, a mestria dos mimos japoneses, hoje insuperáveis, David Glass constituiu uma enorme decepção […].” (A Capital, 27-2-1985)

Ficha Técnica

Mimo

DAVID GLASS

Técnico

JULIEN SLEATH

Montagem

DAVID ALVES MENDES

Electricista

PAULO GRAÇA

Técnico de Som

JORGE MARTINS

Direcção de Produção

EMÍLIA ROSA