Sobre

Almada – Diia Claro, tendo como subtítulo ‘espectáculo de teatro, música e dança’ é, como afirma Castro Guedes  no programa do espectáculo “uma montagem que reuniu um naipe muito variado de gente que se encontrou quase que por acaso para, a convite do Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte, levantar um espectáculo”, coisa não tão frequente na altura como o é nos dias de hoje (veja-se a este respeito o guião do espectáculo, publicado no seu programa).

A respeito desta espectáculo, diz igualmente o seu encenador que “a questão dos modernismos não está definitivamente encerrada” sublinhando a preocupação do grupo em “articular este mundo inesgotável que o projecto propunha à partida, tent[ando] recriar em três partes três dimensões de Almada Negreiros – dele mesmo e em que ele se encontra. Introduzi[ndo] o espectador no ambiente polémico e conflituoso do universo artístico da época, onde a afirmação contundente esbarra com resultados pouco convincentes (‘É preciso criar a pátria portuguesa do século XX’) como no «Ultimatum Futurista» que de afirmações plenas de vigor, como a citada e infelizmente ainda actual, até à preocupante apologia à guerra! Por isso, inevitavelmente, tom[aram] também partido, escolhendo (se assim se pode dizer) a parte que mais os aproximava de um todo que, sem esconde[rem], é, no seu conjunto, fascinante.”

Também propósito de Almada dia claro, evocando um momento em que “Paris e a Europa se queriam muito perto, ali mesmo”, escreve Madalena Perdigão no programa do espectáculo:

 

Almada, Dia Claro.

Almada, mais uma vez. Almada e o pedaço da sua vida em que o desejo de renovação do estabelecido assumiu aspectos exteriores mais evidentes e agressivos. Almada e o movimento que estava nele e que expressou não só na sua obra plástica mas no palco, com o seu próprio corpo. Almada, mas não apenas ele .Também o Modernismo, também o grupo da revista Orpheu, também aquela época em que Paris e a Europa se queriam muito perto, ali mesmo. Almada e o começo de um ciclo novo, em que todas as aventuras estéticas seriam permitidas e de que passadas sete dezenas de anos ainda hoje colhemos os frutos.

Setembro de 1984

 

Maria Madalena de Azeredo Perdigão

 

Ficha Técnica

Guião e Textos

AUGUSTO SOBRAL

Encenação e Direcção de Actores

CASTRO GUEDES

Música-Criação, Direcção e Animação

CONSTANÇA CAPDEVILLE

Cenários

FERNANDO FILIPE

Figurinos

MOURA PINHEIRO

Coreografia (III Parte)

VASCO WELLENKAMP

Coreografia (II Parte: Can-Can)

ELISA WORM

Adereços

MARINA BAIRRÃO

Iluminação

CASTRO GUEDES E PAULO GRAÇA

Assistente de Encenação

PAULA GUEDES

Mestre Maquinista

MANUEL VITÓRIA

Mestra de Guarda-Roupa

SALETTE BRAZINHA

Operação de Luzes

PAULO GRAÇA

Operação de Som

JORGE MARTINS

Apoio à Montagem

DAVID ALVES MENDES

Ajudante de Electricista

PEDRO SEQUEIRA

Contra-Regra

ANTÓNIO ÉVORA

Direcção de Produção

EMÍLIA ROSA

Penteados (Actrizes)

VICTOR HUGO

Distribuição

ÁLVARO FARIA, ANTÓNIO CRUZ, ANTÓNIO MONTEZ, CLARA JOANA, JOSÉ WALLENSTEIN, JÚLIO CÉSAR, LÍDIA FRANCO, LUIS DE MONTALVOR

Músicos

ALEJANDRO ERICH-OLIVA, JORGE MOYANO OLGA PRATS

Cantores

HELENA VIEIRA, LUIS MADUREIRA

Bailarinos

FRANCISCO ROUSSEAU, GRAÇA BARROSO, JOÃO NATIVIDADE, JOSÉ GRAVE, LUISA PALHA, MARGARIDA BETTENCOURT, PAULA VALLE, ROSALINA SANTOS

Mimo

OSVALDO MAGGI