Sobre

A Quinzena Multimédia é, como se pode ver nas palavras de Madalena Perdigão, o primeiro sucedâneo do ciclo de performance da Exposição-Dialogo:

 

“A Exposição-Diálogo sobre Arte Contemporânea, organizada pelo Conselho da Europa e pela Fundação Calouste Gulbenkian, e realizada em Lisboa, de 28 de Março a 16 de Junho deste ano de 1985, constituiu uma porta aberta ao Ingresso da performance no Centro de Arte Moderna. Realizaram-se então 11 performances, 13 espectáculos de teatro e 4 concertos mais ou menos ligados à ideia da performance, essa arte efémera que, segundo Ole Henrik Moe, Director da Fundação Sonja Henrle-Niels Onstad, tem como único denominador comum a negativa. Não pode ser classificada como teatro, concerto ou outro qualquer género de espectáculo organizado. Tem sempre algo intermédio: teatro musicado-música teatral, exibição-
exibicionismo, acção pictórica-pintura de acção. Na Quinzena Multimédia, organizada a uma escala multo mais reduzida, optou-se por performances em que o aspecto técnico e tecnológico se encontra multo desenvolvido, desde a caracterização visual dos personagens como humanos-automáticos de Performática, pelo Grupo Neon, até à programação por computador das imagens sonoras e visuais de L’Ecran Humain, pelo Grupo Canadiano Performance Multi Média, passando pelas Intersecções de luz e corpo de Nan Hoover. Esta Quinzena Integra ainda um Atelier referente à Integração multidisciplinar das técnicas audiovisuais, coreográficas e cenográficas, por Cario Bengio e Paul St-Jean, e uma Comunicação Intitulada 18 L’Atitudes da Performance, por Manoel Barbosa. Na sua especialidade, a Quinzena Multimédia contribuirá decerto para confirmar a importância da performance no panorama da arte contemporânea.

 

Lisboa, Novembro de 1985
Maria Madalena de Azeredo Perdigão

 

 

Diz-nos sobre esta iniciativa a imprensa:

 

“Na quinzena multimédia…optou-se por performances em que o aspecto técnico e tecnológico se encontra muito desenvolvido, desde a caracterização visual dos personagens como humanos-automáticos de Performática pelo grupo Néon, até à programação por computador das imagens sonoras e visuais de L’Ecran Humain, pelo grupo canadiano Performance Multimédia, passando pelas intersecções de luz e corpo de Nan Hoover.” (Diário de Notícias, 30-12-1985)

 

Num esforço de explicação de termos como ‘performance’ ou ‘multimédia’ ficamos ainda a saber:

 

“Sobre a ideia de performance, “essa arte efémera”, diz Ole-Henrik Moe, director da fundação Sonja Henrie-Niels Onstden: tem como “denominador comum a negativa”. “Não pode ser classificado como teatro, concerto ou outro género de espectáculo organizado. É sempre algo intermédio: teatro música – música teatral, exibição – exibicionismo, acção pictórica – pintura de acção”. (…)” (Diário de Notícias, 30-12-1985) “Integrando numa mesma linguagem artística diversos modos de expressão tradicionalmente autónomos – as artes visuais, a dança, a música, o teatro, a “performance”, a própria escrita literária, por vezes –, o espectáculo multimédia usa frequentemente suportes vindos das novas tecnologias para aproximar essas formas de expressão dispersas, para as conjugar num todo, que deve à ópera e ao seu sonho de arte total o seu conceito formador. Mal divulgada no nosso país, visa o Centro de Arte Moderna com esta iniciativa, proporcionar um melhor conhecimento do que é a “arte multimédia” e um maior reconhecimento dos artistas que no nosso país a promovem.” (Diário de Notícias, 21-11-1985)

 

Em O Primeiro de Janeiro pode ainda ler-se uma descrição da performance do Grupo Néon:

 

“Integrado na “Quinzena Multimédia” que a Fundação Gulbenkian está a promover, realiza-se hoje […] na sala polivalente do Centro de Arte Moderna desta fundação, um espectáculo intitulado “Performática”, apresentado pelo grupo Néon. A acção decorre num laboratório imaginário, onde as personagens são caracterizadas visualmente como humanas-automáticas, reagindo a efeitos visuais e sonoros específicos dos anos 80. […] O som é criado por fontes tão diversas como a voz, o som do violino, sintetizadores, computador e bandas magnéticas. A imagem parte de vários projectores de diapositivos como funcionamento computorizado, vídeo e televisores ligados a um computador de imagens. […] (Primeiro de Janeiro, 6-12-1985)

Ficha Técnica

Por

CARLO BENGIO E PAUL ST-JEAN