Sobre

A 7 de Maio de 1984 Maria Madalena de Azeredo Perdigão anuncia em Conferência de Imprensa a criação do ACARTE – Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte, divulgando o seu programa.

Esta conferência de Imprensa, realizada no espaço do Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian e amplamente anunciada e coberta pelos media, contou com a presença do Director do Centro de Arte Moderna, José Sommer Ribeiro, Madalena Perdigão do ACARTE e Margarida Acciaiouli e Isabel Guedes do Serviço de Documentação e Pesquisa.

Como se pode ler nos jornais da época “[…] o início das actividades foi anunciado já para dia 1 de Junho, Dia Mundial da Criança. […] Ao anunciar as linhas de orientação do seu Serviço, Madalena Perdigão apresentou-o como um «fórum aberto para a discussão dos problemas de cultura; um local de encontro de artistas; um espaço vivo, em que se passa de uma exposição a um espectáculo de teatro ou de dança, em que se assiste a um concerto e se fica para a projecção de um filme ou para a leitura de um poema, em que se participa num espectáculo, em que tudo isso acontece ou pode acontecer». Foram apresentados também projectos de actividades no campo do teatro (produções próprias, apresentação de pequenas companhias ou grupos estrangeiros, etc.), da dança, do cinema (filmes de arte, para crianças e de animação, com propósitos de um festival desta modalidade e também da formação de realizadores), da música (concertos informais à hora do almoço, de jazz, de bandas e música popular), da literatura, das artes plásticas e arquitectura, e ainda, sem concretização de acções já previstas, nas áreas do vídeo, fotografia, mímica, circo e marionetas. A propósito, Madalena Perdigão referiu que o novo serviço «não irá competir com iniciativas de outras entidades, de dentro ou de fora da Fundação Calouste Gulbenkian, mas sim preencher lacunas eventualmente existentes». Em aberto, na conferência de imprensa ficou a questão de saber se se está perante a reorientação de um Centro de Arte Moderna que há um ano se anunciou primordialmente para as artes visuais – preenchendo a lacuna de um museu de arte contemporânea e de um centro de criação experimental, até agora inexistentes em Portugal -, para tomar a forma de um centro cultural dedicado genericamente a actividades em todas as áreas artísticas. […] Sommer Ribeiro sublinhou, por outro lado, que ainda decorrem obras no edifício, que o acervo do Museu ainda apresenta muitas lacunas […], que subsistem problemas quanto ao quadro orgânico – «têm estado a trabalhar meia dúzia de gatos», disse o director do Centro – mas que se preferiu não adiar a sua abertura ao público […]. Salientou também que o Museu tem tido uma afluência excepcional de visitantes: cem mil de 26 de Junho de 1983 até 28 de Março, o que constitui um record em museus portugueses.” (Diário de Notícias, 19-05-1984)

É igualmente relembrada a “missão” que presidiria à criação do Centro de Arte Moderna: “Espera-se que o centro de Arte Moderna cumpra a missão para que foi criado, isto é, incrementar as artes plásticas em Portugal, bem como contribuir para a reunião e conservação de dados que serão depois tratados pelos estudiosos e servirão como fonte de informação para a realização de uma verdadeira História de Arte Moderna em Portugal […]”. (Correio da Manhã, 26-5-1984)

Já o jornal A Tarde, anuncia em cabeçalho o ‘regresso’ de Madalena Perdigão à Gulbenkian: “É de realçar o reaparecimento de Madalena Azeredo Perdigão, recentemente nomeada directora deste novo serviço do Centro de Arte Moderna” (A Tarde, 16-5-1984)

Como a imprensa nos deixa compreender, foi anunciada em simultâneo a criação do Serviço ACARTE e a segunda grande iniciativa do CAM, o ‘Projecto Almada’, primeiro ciclo temático em que o ACARTE se envolve, prefigurando aquele que haveria de ser uma das características do seu funcionamento, a abordagem temática reunindo em torno a um denominador comum exposições, música, teatro, dança, debates, literatura, etc:

“O Centro de Arte Moderna pretende dedicar o primeiro aniversário da sua existência a Almada Negreiros com um conjunto de iniciativas denominado Projecto Almada. […] Uma grande exposição das obras plásticas deste artista moderno português e um festival de teatro, música, vídeo e dança baseado na sua vida e obra, decorrerão de 20 de Julho a 14 de Outubro nas instalações do Centro.” (Correio da Manhã, 29-5-1984)

“[D]epois da exposição dedicada a Amadeu de Sousa Cardoso, aquando da abertura do CAM, [esta iniciativa antevê-se] como uma importante contribuição para o conhecimento de um artista que foi o grande dinamizador do modernismo em Portugal.” (Diário de Notícias, 19-5-1984)

 

Ficha Técnica

Conferência de Imprensa com a presença de:

JOSÉ SOMMER RIBEIRO (CAM), MADALENA PERDIGÃO (ACARTE), MARGARIDA ACCIAIOULI E ISABEL GUEDES (SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO E PESQUISA)