Sobre
Na imprensa pode ler-se:
Mário Cláudio é o autor da peça “Ilha do Oriente” que amanhã, quarta-feira, se estreia no ACARTE, na FCG, com encenação de Filipe La Féria. […] E o conhecido homem de teatro – que actualmente tem em cena o maior êxito dos palcos portugueses nos últimos anos, What hapenned to Madalena Iglésias? […] – parece nunca ter seguido tão de perto um texto como este de “Ilha do Oriente”.
(Jornal de Notícias, 26-9-1989)
A Índia ou a Europa com que sonham os bilhetes postais e os livros de comissão oferecidos ao espectador (de “Ilha do Oriente”) para o levar ao reencontro com a magia da infância.
(Joaquim Vacondeus, Semanário, 7-10-1989)
Ouvireis da minha ilha que está no centro do mundo. Assim começa A Ilha do Oriente, escrita por Mário Cláudio encenada por Filipe La Féria, para encerrar os Encontros Acarte/89. Trata-se de uma ilha que se chama “de oriente” situada no coração de cada português, “cidadão do mundo”. A Portugalidade, a universalidade e o espírito ecuménico do português de Quinhentos aparecem aqui retratados na personagem de Leonardo. […] Enfim, um espectáculo de ousadia e criatividade onde não faltaram boas interpretações.
(Paula Ferreirinha, Diário de Notícias, 1-10-1989)
Os Encontros ACARTE são o único acontecimento cultural com garantia anual de novidade, espanto e diferença. […] Chama-se A Ilha do Oriente [a única produção portuguesa dos Encontros ACARTE], surge a partir de um texto do escritor Mário Cláudio e tem encenação e cenografia de LaFéria. Paula Guedes, José Jorge Duarte, Rogério Samora, João Paulo Soares e Teresa Salgueiro, vocalista dos Madredeus, eram algumas das figuras presentes num ensaio de sábado à tarde.
(O Liberal, 16-9-1989)
[A Ilha do Oriente] é de todas as propostas desta ”mostra”, a mais ortodoxa e clássica, pelo que a participação portuguesa se salda assim por uma declaração de impotência perante o desafio de a fazer trilhar os novos caminhos da ”miscigenação” das artes cénicas. Entre nós, no teatro, mas não só, reina ainda o despotismo absoluto do texto, da fidelidade o autor, da interpretação literal da obra. E Filipe La Féria não constituiu excepção. A sua encenação de A Ilha do Oriente optou por ser a mera ilustração (com pequenas adaptações insignificantes) de um texto que se pretende um “mistério” […]. A impressão final não podia ser mais paradoxal: A Ilha do Oriente é um exercício soberbo, notável, talvez inesquecível, mas deixa um “arrière-goût”, uma certa sensação de frustração. Isso não pode, nem deve, ser imputável unicamente ao texto de Mário Cláudio, já o tinham percebido concerteza.
(Jorge Lima Alves, Expresso, 7-10-1989)
O sonho. Portugal sonha, e os seus sonhos podem ser como o rastro. Sonha com o emprego que a descoberta do caminho marítimo proporciona. Cumprida a missão, Portugal volta ao desemprego como queria o poeta. […] A pecinha de Mário Cláudio [A Ilha do Oriente] propõe-nos um jogo bem português: a solidão da ilha, o sonho da conquista, a viagem para algures. A ilha, o sonho, a viagem. Não é esse também um retrato da emigração? […] Filipe La Féria, curiosamente, é talvez o único encenador português por onde passou essa experiência fascinante do teatro europeu que foi o trabalho de Ariane Muchkine sobre algumas peças de Shakespeare, trabalho que teve a ver com formas de teatro oriental […]. Dispondo desta vez de meios mais largos do que na Casa da Comédia, Filipe La Féria nem sempre os usou com o critério económico, sob o ponto de vista estético, que se impunha. Como acontece por vezes nos seus espectáculos o excesso prejudica o essencial.
(Carlos Porto, Diário de Lisboa, 11-10-1989)
Estou em crer que os principais encenadores portugueses, atendendo aos condicionalismos difíceis em que se movimentam, trabalham frequentemente em excesso. Ou seja: partem asinha para novos trabalhos, quando ainda têm agarrados à pele trabalhos anteriores. […] Filipe La féria, todos o sabemos, tem obrado autênticos milagres de inventiva na sua minúscula Casa da Comédia. Quando lá entramos, nunca sabemos como a iremos encontrar no tocante a organização de espaços. Pois agora, na sala polivalente do CAM, La Féria, em relação à tal capítulo, como que apenas reproduziu em grande um esquema já testado no teatrinho de bolso das Janelas Verdes, um esquema que não facilita a movimentação dos actores e dos bailarinos e que condiciona o traço das marcações.
(Fernando Midões, Diário de Notícias, 11-10-1989)
Ficha Técnica
Texto
MÁRIO CLÁUDIO
Encenaçao, Dramaturgia, Cenário, Figurinos
FILIPE LA FÉRIA
Com
ROGÉRIO SAMORA; FILIPE CRAWFORD; ANTÓNIO JORGE CÂNDIDO; JOÃO BIZARRO; JOÃO D'ÁVILIA