Sobre

Flexões e Reflexões foi, nas suas palavras, um espectáculo “de concepção colectiva, em que se procura[ram] conjugar diferentes formas de expressão artística: a dança, teatro, música e artes plásticas [,] (s)em pretender que nenhuma delas [fosse] dominante sobre as outras”. Diz Madalena Perdigão a esse respeito:

 

«Flexões e Reflexões» foi a humildade. Humildade do grupo diante do problema da criação artística, humildade de cada disciplina perante as demais sem nenhuma querer sobrepor-se, humildade dos artistas relativamente a si próprios e ao grupo.
A criação colectiva carece desse factor de humildade, por isso foi possível.
O grupo, predominantemente jovem, ainda não embotado pela prática quotidiana do espectáculo tradicional, entregou-se à busca de algo que ultrapassasse as fronteiras do habitual. Tendo a poesia como ponto de partida, interrogou-se sobre os caminhos da interdisciplinaridade, viveu a aventura da criação de uma nova obra.
Qualquer que seja o resultado, valeu a pena aceitar o seu desafio.

Março 1985
MMAP

 

A reacção, porém, parece ter sido maioritariamente negativa e ter como pano de fundo os pressupostos do teatro convencional: “[…] Da poesia para a música, da música para a dança, da poesia para a dança, da dança para a poesia, da poesia para a poesia, etc., será legítimo perguntar onde fica, no meio disto, o teatro. Pergunta inoportuna porque o teatro fica, ou não fica, aí mesmo, no meio disso, entre as linhas que se cruzam num espaço que tem em conta a sua própria dinâmica a partir dos dois planos em que se coloca. […] Em resumo, um espectáculo experimental que não atingiu os objectivos desejados, isto é, não conseguiu ir ao ponto da fusão entre os vários elementos que o constituem. Pergunto-me se não teria faltado alguém, um encenador, que levasse mais longe e de outra maneira a proposta feita.” (Carlos Porto, Diário de Lisboa, 26-3-1985)
Na mesma crítica Carlos Porto comenta, igualmente, a incomodidade dos lugares da Sala Polivalente, inaugurando aquela que será uma queixa constante ao longo dos próximos anos: “P.S. – É tempo da Fundação Gulbenkian dar alguma comodidade aos lugares da Sala Polivalente. Lugares assim, já nem o grupos Independentes (tão pobres) querem. Com um pouco de esforço, será possível remediar a situação sem prejudicar a polivalência do espaço.” (Carlos Porto, Diário de Lisboa, 26-3-1985)
Já Manuela Azevedo, apresenta “Flexões e Reflexões” como sendo um “espectáculo criado para públicos restritos, como restrito é o público que lê poesia associada a um movimento plástico que nos Anos Cinquenta e Sessenta alinhou, entre nós, pela exegese de Salete Tavares, Melo e Castro e Mário Cesariny, que subsistem […]. São, pois, manifestações que não chegam a formar movimentos, que não se destinam […] ao homem comum mas que enriquecem extraordinariamente uma cultura […]”. (Manuela Azevedo, jornal não identificado, arquivo do ACARTE)

Ficha Técnica

Texto

JOSÉ ALBERTO MARQUES

Coreografia

ANA MACARA E HELENA COELHO

Música

PAULO BRANDÃO

Envolvimento visual

ANTÓNIO CASTILHO, ANTÓNIO FOLGADO, PEDRO MONTEIRO

Interpretação do texto

ALEXANDRE SOUSA, FERNANDA LAPA

Interpretação de dança

ANA MACARA, ELIZABETE MONTEIRO, FÁTIMA PIEDADE, GILBERTO COELHO, MARGARIDA ROBERT, PAULO BARRETO, SÓNIA ABRANTES

Interpretação da música

PAULO BRANDÃO, RUI TRINDADE

Direcção de cena

HELENA COELHO

Montagem

DAVID ALVES MENDES E PEDRO SEQUEIRA

Iluminação e Operação de Luzes

PAULO GRAÇA

Operação de Som

JORGE MARTINS

Ajudante de Electricista

PEDRO SEQUEIRA

Ajudante de Cena

LUÍS SILVA

Execução do Guarda-Roupa

VIEIRA MENDES

Direcção de Produção

EMÍLIA ROSA

Directora

MARIA MADALENA DE AZEREDO PERDIGÃO

Assistente

MARIA MARGARIDA ALVES MARTINS

Secretária

TERESA LENCART