Sobre

A Mostra de Dança Contemporânea Europeia terá uma ampla divulgação mediática, sendo os seus espectáculos recebidos entusiasticamente pela crítica:

 

“Contemporâneo não é necessáriamente novíssimo, nem obrigatoriamente novo. Possui outras qualidades…
Pensei nisso ao estar quieto sentado na Sala Polivalente do CAM-Gulbenkian, no intervalo dos bailados da primeira Companhia a exibir-se na série Dança Europeia contemporânea. Chama-se Images Danse Company, vem de Inglaterra […] nome adequado: são as imagens, que sugerem a linguagem dos corpos, e não “um puro discurso” como quis Valéry. São imagens de teatralidade da vida (magnifico Stilted Vision), de magia (Skin Deep), de objecto cultural expressionista (Beneath the Bridge). Um repertório eclético? Nada disso. O denominador comum funciona em força: a antropologia do gesto como método.” (Jorge Listopad, DN, 24/02/87)
“Proporcionar ao público uma apreciação do que pela Europa fora se faz em termos de dança contemporânea, foi a que se propôs a Acarte neste período pré-primaveril, altura em que já começa a saber especialmente bem o ar da noite ou a brisa quase temperada do fim de tarde. (Ana Campos, Tempo, 05/03/87)

 

“Isabel Tamen teve oportunidade de estudar bailado na escola da Fundação Gulbenkian. [Brevemente] sentiu que o seu corpo exigia mais do que a preparação que lhe era proporcionada naquela escola. […] Com uma bolsa de estudo da Fundação Gulbenkian frequenta o primeiro ano do curso [na London Contemporary Dance School], e segue os dois últimos anos, desta vez com bolsas de estudo do Instituto da Cultura. É aí que encontra os seus colegas com quem irá formar o grupo que nos foi dado a conhecer.
Todos eles muito jovens, geração que se identifica muito mais com as novas linhas de dança, organizam-se sob a direcção de Lloyd Hepburn […] Dizem que é muito mais vantajoso estarem ligados a uma pequena companhia, onde não existem primeiras figuras, mas sim executantes aptos para desempenhar qualquer papel que lhes for sugerido.
Conhecendo-se todos do trabalho na escola, este é um factor que os ajuda a uma compreensão maior quer a nível pessoal quer a nível de ritmo diário. São pessoas individuais com a sua opinião própria, mas que trabalham em conjunto, não só entre bailarinos como na sua relação de bailarinos/coreógrafo. Interrogados ainda quanto à “desvalorização” do bailado clássico, todos os elementos foram da opinião de que se criou o hábito de valorizar a história através da técnica. […] Na dança contemporânea procura-se dar mais valor à emoção propriamente dita.
Pretende-se transmitir através do corpo as reacções mais simples do quotidiano ou as mais complicadas do Universo do imaginário. […] Estão preparados para o sucesso e para o risco do não sucesso. É com os “desaires” que aprendem, que ganham a maturidade que demonstram no trabalho ou numa simples conversa.” (Ana Campo, Tempo, 12/03/87)

 

“Vai longe o tempo em que Cunningham fazia larga colheita de tomate por essa Europa fora, onde passeava a sua insólita proposta de dança sem dançar. (Portugal, sem forte sentido crítico, aplaudiu sempre tudo o que veio de fora.) Hoe, passado o reinado do bailado romântico e das “divas” (as “assolutas”), esquecido o belo “malabarismo” estético da Graham, ultrapassado o movimento expressionista que abalou o mundo das letras e das artes, há quem considere começar a estar esgotado o vocabulário da “modern dance”. Pelo menos, assim se pensa em certa Europa vanguardista, onde, aliás, continua a fazer-se da melhor dança moderna, que a mim me parece continuar a ser linguagem inesgotável.
O Centro de Arte Moderna e a sua grande capacidade de empreendimento já o ano passado deu aos Portugueses imagens desse movimento europeu, emancipando e cânones consagrados, em busca de uma nova estética, até de uma nova técnica. […] Admitamos-lhe [espectaculo Skin Deep] o mérito de criar reacções naquele público a quem se atira com um pano encharcado à cara… […] talvez pela mensagem de negação que contém – um não muito veemente a tudo que é forma de vida e arte no nosso tempo.
[A música] sujeita às formas do pensamento, da técnica e até dos sons mais ousados neste tempo em que os computadores substituem a inspiração humana…” (Manuela de Azevedo, DN, 27/02/87)

Ficha Técnica

Coreografia

EARL LLOYD HEPBURN

Bailarinos

FAROCQ CHAUDRY, DAWN DONALDSON, JAVIER DE FRUTOS, PATRICK MAHONEY, ISABEL MORTIMER, EHA MURFITT, ISABEL TAMEN