Sobre

Na imprensa pode ler-se:

 

 

“Delicioso, o texto O Contrabaixo de Patrick Suskind apresentado sob a forma de espectáculo, no Acarte, espectáculo que desencadeou o colóquio “O Judaísmo na Cultura Ocidental” […]. A sua cenografia vertical a três andares, embora tentada não pela primeira vez nesse espaço teatralmente difícil que é a Sala Polivalente […]. (Jorge Listopad, Jornal de Letras, 14-9-1989)

 

O que é um espaço cénico? Talvez aquilo que pensa o encenador Rogério de Carvalho: a memorio do teatro enquanto memória do mundo, ou melhor, “um espaço-memória, sem interior nem exterior”. “O Espaço Memória” é precisamente o título de uma exposição inaugurada ontem no CAM da Gulbenkian reunindo fotos, maquetas e simples estudos de dez anos de trabalhos cenográficos assinados por José Manuel Castanheira. […] O mais belo deles [dos cartazes de teatro feitos nos últimos anos por José Castanheira] é o último, dedicado a “O Contrabaixo” de Suskind, monólogo a estrear na próxima sexta-feira na Sala Polivalente do CAM […]. (Rui Eduardo Paes, Diário de Lisboa, 25-10-1989)

 

O CAM da FCG abre de novo as portas ao teatro. Depois da fogosidade desconcertante dos Encontros Acarte 89, a acolhedora, pequena e até certo ponto incómoda Sala Polivalente dá lugar a uma situação teatral. […] A todos os adeptos do teatro, da música, de Suskind ou do CAM, é lançado em especial o apelo de uma hipoteticamente nova encenação que marca, desde já, o regresso de João Grosso à zona arriscada dos monólogos. (A Capital, 27-10-1989)

 

Numa época em que o teatro por vezes se funde com outras áreas artísticas (veja-se, por exemplo, o teatro-dança de Pina Bausch), eis que surge uma peça teatral, sob a forma de monólogo, em que o actor é também um músico, neste caso um contrabaixista. (Manuel Cintra, Diário de Lisboa, 30-10-1989)

 

O Contrabaixo de Patrick Suskind […] a sua direcção [de Anabela Mendes] disfarça mal uma certa insegurança. Uma insegurança que a levou, obviamente, a jogar pelo seguro, assinando um trabalho sem grandes rasgos nem ousadias, que procura essencialmente acentuar os aspectos mais irónicos do texto. A grande cartada jogou-a, contudo, ao recorrer a José Manuel Castanheira. […] Menos feliz me parece ser a decisão (da encenadora?, do actor?) de pôr a personagem a dirigir-se directamente ao público. Não só porque em muitos casos, sentindo-se pessoalmente interpelado, ele responde ao actor (no dia da estreia, apesar de se tratar de um público seleccionado, vários espectadores o fizeram), o que não está de modo nenhum no espírito do espectáculo, como se perde uma solidão que me parece fundamental na caracterização deste solitário ascético e quase esquizofrénico. (J-L-A., Expresso, 4-11-1989)

 

Acontece neste momento do CAM um caso cuja raridade não quero deixar de assinalar. Na Galeria do CAM o interessado pode ver […] o percurso-memória de um cenógrafo que é hoje considerado um dos grandes criadores portugueses (só?) da arte da cenografia teatral. Na sala ao lado, o espectador da exposição dispõe de um trabalho através do qual pode julgar, ao vivo, essa capacidade criativa do cenógrafo, o mesmo José Manuel Castanheira. É de facto um acontecimento raro: os documentos mortos de uma exposição transformam-se no documento vivo de um espectáculo. […] Pensa-se simplesmente: eis um admirável espectáculo de teatro, eis um admirável trabalho de actor. Porque um espectáculo como este é admirável em qualquer sala do mundo, além de ser um belo espectáculo português. (Carlos Porto, Diário de Lisboa, 7-11-1989)

Ficha Técnica

Encenação

ANABELA MENDES

Cenário

JOSÉ MANUEL CASTANHEIRA

Intérprete

JOÂO GROSSO