Sobre

Sobre Pílades, por Mário Feliciano, diz-nos a crítica:

“Num cenário impraticável, a fazer-nos sonhar com aquelas concepções plásticas globais, que vão da cenografia aos figurinos e aos adereços, criadoras e úteis, Mário Feliciano encena e jovens actores representam, com desníveis que não me parecem graves, aquilo que entende ser o estaticismo de Pasolini. A óbvia (e talvez obsessiva) fidelidade ao autor levou à prática escolar da epígrafe, gravação em voz-off a introduzir o espectáculo, com uma frase do próprio Pasolini elucidando o espectador sobre a natureza do que ali se vai passar; no final, os actores vêm agradecer. Não é um desconcerto, mas sai-se de lá bastante desconcertado. […]” (Expresso, 26-10-1985)

 

Sobre Mário Feliciano acrescenta a imprensa, relacionando a sua estreia teatral com a primeira encenação de Deseja-se Mulher de Fernanda Lapa:

 

“Desde que regressou de Itália, onde trabalhou com Luca Ronconi, que Mário Feliciano tentava levar a cabo este projecto, que aliás não é mais do que a primeira etapa de uma série que inclui mais duas peças de Pasolini. […] Mário Feliciano – Comecei em Portugal, de uma maneira perfeitamente amadora. […] Concretamente surgiu a oportunidade de trabalhar como actor numa peça – Deseja-se Mulher, de Almada Negreiros – que a Fernanda Lapa estava a fazer na Casa da Comédia. […]” (Expresso, 28-9-1985)

É de notar que é em Pílades que se dá a (quase) estreia de duas jovens actrizes, Alexandra Lencastre e Luísa Cruz:

“Afoitou-se o Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, inteligentemente dinamizado pela dra. Madalena de Azeredo Perdigão, a apresentar, na sua sala polivalente, Teatro de Pier Paolo Pasolini, proposta dramática exigente e difícil e para a qual estaremos, até, parcamente preparados, debilmente receptivos. […] Mário Feliciano encenou com o ultra-racionalismo e a frieza que parecem ser o seu timbre. O elenco, na sua maioria formado por actores imaturos, debateu-se com “ a falta quase total da acção cénica”, caindo (por não suficientemente dirigido) na reza sonolenta, no recitativo (ainda por cima, pouco límpido do ponto de vista técnico), o que tornou o espectáculo dificilmente suportável. […] Um dos desastres do espectáculo: as “Euménides”, a cargo de Luísa Cruz e Alexandra Lencastre. […]” (Diário Popular, 15-10-1985)

 

Sobre a “banda sonora” do espectáculo realça Feliciano:

 

“A responsável por esta banda sonora, de importância equivalente à do texto, é a Constança Capdeville – que desde o princípio apadrinhou este projecto, e tem nele um papel quase tão importante como o meu.” (Expresso, 28-9-1985)

PÍLADES DE PIER PAOLO PASOLINI.

Tradução:

LUIZA NETO JORGE E MÁRIO FELICIANO

Dramaturgia

JOSÉ GABRIEL TRINDADE DOS SANTOS.

Encenação

MÁRIO FELICIANO

Cenografia

CARLOS AMADO.

Música

CONSTANÇA CAPDEVILLE.

Interpretação

JOÃO GROSSO, MÁRIO FELICIANO, JÚLIA CORREIA, JOÃO ROMÃO, GUILHERME FILIPE, ANTÓNIO CAPELO, JOÃO CABRAL, MARIA AMÉLIA MATTA, FERNANDA NEVES, ALEXANDRE SOUSA, FERNANDO JOSÉ OLIVEIRA, LUÍSA CRUZ, ALEXANDRA LENCASTRE, MANUELA DE FREITAS