Sobre

Na imprensa pode ler-se:

Herdeira da tradição expressionista alemã […], Pina Bausch incarna a recente renovação da dança moderna europeia, cuja identidade se parece confrontar com a das correntes norte-americanas, através da acentuação da sua dimensão teatral. Pela reconversão de vocabulário e de conceitos coreográficos habituais, as peças de Bausch são como reconstruções sabotadas do ‘real’, onde é acesa uma energia empática que se baseia no questionar no interior dos seus espectáculos da própria dança, das relações humanas, de toda a existência. (Luísa Rouband, Elle, 9-1989)
Era um velho sonho daqueles que em Portugal seguiam o movimento artístico mundial dos últimos anos. Sem Pina Bausch, o nosso conhecimento da nova dança e em especial das relações entre duas expressões artísticas que provavelmente nasceram juntas (o teatro e a dança) ficava evidentemente mais pobre, mantinha-se claramente insuficiente. […] Não vimos nenhum espectáculo de Pina Bausch, mas é assim que imaginamos o seu teatro.

P.S. – É claro que vimos vídeos com obras de Pina Bausch, convém acrescentar para sermos exactos. (Carlos Porto, Diário de Lisboa, 22-9-1989)
[…] A lógica do corpo
No Tanztheater de Wuppertal o corpo humano é indispensável, o mesmo é dizer, insubstituível. A utilização do corpo no teatro, não como espaço expressivo entre outros mas como aquele que está na origem de todos os outros, leva à subversão das relações tradicionais entre o corpo e a linguagem. Esta atitude expressionista do corpo antes de tudo, de que Pina Bausch é uma ilustração, provoca graves perturbações ao nível da percepção do espectador: a progressão dramatúrgica não passa essencialmente pela narração (numa lógica de recitação que integra episódios e actos no quadro de uma fábula), nem pela aplicação das leis estruturais de um género (comédia, tragédia…), nem pelo desenvolvimento ideológico de temas próximos do universo de referência do público (3). Em Pina Bausch não há “fábula” no sentido brechtiano e a progressão dramatúrgica não passa pelo desenvolvimento de um tema único. (Isabel Vila Nova, Jornal de Letras, 19-9-1989)

 

Quando em 1977, no Festival de Teatro de Nancy, Pina Bausch é acolhida pelo público de forma calorosa e obriga a crítica, até então reticente, a reconhecer na directora do ballet de Wuppertal a criadora de uma nova maneira do sentir o espectáculo, a coreógrafa-bailarina de rosto enigmático tinha já um percurso assaz diferenciado dos seus pares. […] A estada de três anos em Nova Iorque, local em que fervilham todas as ousadias (neodadaísmo, happening, arte-acção, performance) vem refinar o seu olhar inquieto. (António Rita dos Santos, O Diário, 23-9-1989)

 

“Guia para ver Pina Bausch
[…] também as personagens de Pina Bausch se metamorfoseiam em monstros, objectos, aranhas, árvores, etc. […] Este mecanismo de metamorfose ou, de um modo mais englobante, de transfiguração do real cénico e coreográfico, é um dos aspectos fundamentais do trabalho desta autora. […] Sob o ponto de vista da composição coreográfica, um dos aspectos mais notáveis desta coreógrafa é a sua capacidade de mexer grupos, de criar cenas, fazendo-as e desfazendo-as com uma habilidade única para criar situações coreográficas de acção.” (António Pinto Ribeiro, Expresso, 30-9-1989)

 

O famoso ballet do Tanztheater Wuppertal dirigido por Pina Bausch, que actuou durante três espectáculos na FG, integrado nos Encontros Acarte 89, foi homenageado com uma recepção na residência dos embaixadores do seu país, os condes de York. (Tempo, 19-10-1989)

 

Ficha Técnica

Peça

PINA BAUSCH

Encenação e Coreografia

PINA BAUSCH

Espaço

PETER PABST