Sobre

Uma exposição de pinturas e desenhos de Pasolini complementou este ciclo. Diz a esse respeito Madalena Perdigão:

 

A ideia de organizar um cicio de manifestações dedicadas a Pier Paolo Pasolini, foi-me sugerida pelo encenador Mario Feliciano,. que propôs a Fundação Calouste
Gulbenkian a apresentação da peça “PÍLADES” daquele autor. O projecto seduziu-me de imediato. O talento multimodo de Pasolini possibilitava a realização de uma serie de manifestações nos diversos domínios do teatro,
à  literatura, das artes plásticas e do cinema , numa acção pluridisciplinar que vinha ao encontro duma das linhas de força da actividade do Serviço de Animação,
Criação Artística e Educação pela Arte.
Também 0 aspecto criativo e o carácter de experimentação da arte de Pasolini o credenciavam para figura central de’ um projecto deste tipo, tal como a «nostalgia
do artista total do modelo renascentista» que, segundo Bonito Oliva, 0 caracteriza.

A confessada vocação de pintor do artista e o interesse das suas obras plásticas impunham que esta faceta de seu génio Fosse documentada em Lisboa, o que desde a primeira hora teve 0 apoio do Director do Centro de Arte
Moderna, Arq.D Sommer Ribeiro.
Contámos para 0 efeito com a amável colaboração do Senhor Giuseppe Zigaina, estudioso da obra de Pasolini, a quem apresentamos sinceros agradecimentos
pelo apoio dispensado.

A presente exposição vai decerto constituir uma surpresa para todos quantos veem em Pasolini 0 poeta e, sobretudo, 0 realizador de cinema. Ou talvez nem tanto, pois nas suas obras cinematográficas está patente 0 gosto que professa
pela imagem.

De qualquer forma, parece-nos importante apresentar ao público português a obra de um artista que sem duvida desempenhou papel de relevo na vida cultural
da Itália do pós-guerra.
Lisboa, Setembro de 1985.
Maria Madalena de Azeredo Perdigão