Sobre

A Mostra de Dança Contemporânea Europeia terá uma ampla divulgação mediática, sendo os seus espectáculos recebidos entusiasticamente pela crítica:

 

“Pelo que deduzo, [o grupo Rosas] organizou-se especialmente para participar num festival, depois de uma série de pesquisas e propostas, apresentadas em outras manifestações já hoje sem fronteiras. Foi esta pequena companhia de quatro bailarinas e um não maior número de técnicos e outros responsáveis, que e apresentou com “Rosas danst Rosas” na sala polivalente do Centro de Arte Moderna (a este o cumpre fazer, pela sua missão na cultura portuguesa) com um espectáculo “violador” da serenidade psíquica dos Portugueses, ou antes, dos Alfacinhas.
Uma só produção com o tempo de cento e cinco minutos sem intervalo acalmar os nervos. Um tempo que dividiria em vários “contratempos”, desde três quartos de hora de ensimesmamento e silêncio total, com uma espécie de “preparação” ou “aquecimento” no solo (a que lamento não ter podido assistir) e, depois, obedecendo sempre a esquemas extremamente simples e doentiamente repetitivos, outras imagens de movimentos coordenados que, na dialética anunciada no programa e que os olhos do espectador confirmam reproduzem algo dos nossos gestos do dia-a-dia. […] Os gestos, porém, nada têm com a gramática da dança. Os corpos são perfeitamente ginasticados. Eu diria, porém, que há uma certa agressividade e revolta no puxar dos cabelos para trás, no desnudar dos ombros, no voltar das cabeças. […] A musica doentiamente monocórdica e amachucante […]
Aqueles que não podem ir à Europa de hoje, é bom que sintam que essa mesma Europa vem a Portugal. Sabe-se que muitos europeus e americanos recebem sedentamente estas propostas. Em Lisboa, jovens dos 18 aos 60 anos também as aplaudem, enquanto outros ficam a olhá-los, vendo passar os comboios da modernidade. Por mim aplaudo, sobretudo, porque há em tais manifestações lúdicas uma enxertia de seiva nova, renovadora, que há-de em breve conduzir à estação radiosa, destino absoluto do comboio que passa…” (Manuela de Azevedo, DN?, 02/03/87)

 

 

“Depois de um espectáculo falhado com a Images Dance Company [assistimos a Karina Saporta].[…] A gestualidade de Anne Teresa de Keersmaeker é composta dos pequenos elementos quotidianos, casuais. […] Na Sala Polivalente do Centro de Arte Moderna, o Grupo Rosas foi aplaudido de pé, e com entusiasmo […] foi-nos assim possível assistir a este bailado de forte cariz teatral, e mesmo narrativo, muito embora Karine Saporta seja das poucas coreógrafas contemporâneas que conseguiu escapar ao modelismo B.D. que caracteriza muita da dança que hoje se faz na Europa. Anne Teresa de Keersmaeker e Karine Saporta foram entre nós, em suma, duas formas de como a coreografia do velho continente entende a emoção.” (Rui Eduardo Paes, Diário de Lisboa, 11/03/87)

 

 

“Teresa de Keersmaeker seleccionou, tendo em conta a estrutura arquitectónica da Sala Polivalente do CAM, a obra “Rosas danst Rosas” para o seu primeiro contacto com o público português… […] a filiação na corrente minimalista é evidente: aí se afirma uma estrutura coreográfica rigorosa assente na repetição de um numero reduzido de temas, formando sequências autónomas que se desenvolvem meticulosamente no tempo e no espaço.” (Assis de Luna, O Dia, 16/03/87)”

 

Ficha Técnica

Coreografia

ANNE TERESA DE KEERSMAEKER

Bailarinos

ANNE TERESA DE KEERSMAEKER, NADINE GANASE, ROXANE HUILMAND, FUMYIO IKEDA

Música

TIERRY DE MEY, PETER VERMEERSCH

Arquitectura de Luzes

REMONT FROMONT

Director Técnico

BERT DE RAEYMAECKER

Administradores

HUGO DE GREEF, CELESTA ROTTIERS

Coordenação Técnica

KOEN BAUWENS

Produção

VZW SCHAMMTE, O.L.V., BÉLGICA