Sobre

Na imprensa pode ler-se:

“Tadeusz Kantor é um caso sério do actual teatro europeu. […] Para os portugueses o teatro polaco constitui algo de compreensivelmente distante e desconhecido. […] Hoje, porém, no âmbito dos Encontros ACARTE, temos a oportunidade de assistir ao espectáculo de um dos maiores mestres do teatro polaco do pós-guerra, Tadeus Kantor. […] (Carlos José, O Século, 16-9-1989)

 

“Nunca mais voltarei, espectáculo inaugural dos Encontros ACARTE de 1989 […] é considerado uma espécie de testamento espiritual, em que Kantor resume o seu trabalho de quatro décadas. […] É, portanto, um teatro político. Um teatro que denuncia a opressão. […] “Kantor não decide o que os actores dizem nem como se movem inicialmente; eles é que lho propõem em improvisação. […] E é assim, a partir de um caos visual, emocional e musical que nasce a peça”. – Eis como J. M. Findlay descreve o processo de Tadeusz Kantor, que aponta como seus modelos ou pontos de referência os construtivistas, a Bauhaus, artistas como Tatlin, Schlemmer, Malevich, Rodschenko, Mayakovsky. […] Entre as companhias que não vieram, quando era fundamental que viessem – e não se sabe se alguma vez virão – conta-se, por exemplo, o “Berliner Ensemble” (de que Brecht foi fundador e director) ou o “Teatro da Taganka” de Moscovo (a que Juri Liubimov regressou, graças à “perestroika”). Entretanto, o “Piccolo Teatro di Milano” de Giorgio Strehler passou por aqui, vertiginoso, já há mais de vinte anos. Reencontrar o fio da vanguarda teatral desde o pós-guerra e ligá-lo às experiências mais actuais é, porém, um desafio a que o ACARTE e a sua directora Dr.ª M.A.P. pretenderão, decerto, responder positivamente.” (Mário Vieira de Carvalho, Sete, 14-9-1989)

 

Hoje, [Tadeusz Kantor] sente-se parente próximo e herdeiro espiritual de Marcel Duchamp e dos dadaístas, acérrimos cultivadores do negativismo, da anarquia, da negação da razão, valorizadores do espontâneo e arruinadores dos fundamentos éticos e estéticos de uma sociedade em convulsão. (Ana Marques Gastão, Face, 14-9-1989)

 

É que Kantor é um criador aberto a todos os espaços, tela, rua, teatro… É também o homem que criou embalagens – antes de toda agente – e happenings nas praias, nos mercados, em todos os lugares onde a vida acontece. Um homem em projecto e nunca em espera, pensar e criar são para ele duas práticas paralelas e complementares: Pensamento/decisão, Criação/reflexão. Raros são os trabalhos do Teatro Cricot que não tenham formulação teórica, criação de manifestos, etc… […] “Se me apoio na experiência da pintura não é apenas porque sou pintor mas porque é a única arte que soube contestar-se a si própria, porque foi a única a saber, após a guerra, viver um processo de revolução permanente”. […] A arte para Kantor não é um bordado imaculado, nem uma sagesse: é uma atitude e um comportamento. […] Ele próprio constata que a sua evolução foi mais rápida em pintura do que no teatro, explica-nos esse desnível pelos obstáculos que o trabalho colectivo apõe à expressão individual. […] o teatro que ele deseja? “Um teatro em ruptura, uma contestação fundamental, concebida como uma experiência vital. Não se vê uma peça de teatro como um quadro, não se contempla uma peça de teatro! Levar o teatro ao ponto de tensão em que só um passo separa o drama da vida, o actor do espectador.” […] Não fazer um trabalho de laboratório, não cultivar um estilo, não aperfeiçoar, não tirar partido do prestígio alcançado, pontos-chave para uma recusa permanente do sistema. Quanto à equipa Cricot é constituída por poetas, historiadores, pintores, etc… Prefere que os seus elementos não saiam das escola dramáticas, quer uma união de artistas decididos a escapar à rotina. […] A melhor maneira de se ser independente é o silêncio. Ou somos rejeitados ou recuperados, hoje por exemplo sinto-me dependente de Beaubourg, do Festival de Outono, aborrece-me muito. (Wanda Calo, Jornal de Letras, 29-8-1989)
Um espectáculo [“Je ne Reviendrais Jamais” de Tadeusz Kantor] alucinante, pelos contrastes, pelo ritmo, pelo vigor e o carácter sugestivo das evocações que nos traz. Só possível, porém, se conduzido, como agora aconteceu, com uma segurança de mão e uma virtuosidade magistral.  (Maria Helena de Freitas, Diário Popular, 18-9-1989)
Os objectos, os adereços, os fatos, os próprios rostos [em “Je ne Reviendrais Jamais”] são cenografados, adquirem uma contextura empobrecedora de coisas e de seres marginais, vagabundos de uma qualquer festa da morte e da solidão, formas de uma qualquer humanidade de espectros miseráveis, onde não parece possível o gosto da cor, o sonho do amor, a esperança da felicidade. (Carlos Porto, Diário de Lisboa, 18-9-1989)

 

Assistiu à sessão [de “Não Voltarei Nunca”], no camarote do Auditório, o Presidente da República. (Diário de Lisboa, 18-9-1989)

Ficha Técnica

Elenco

TADEUSZ KANTOR; ANDRZEJ WELMINSKI; LUDMILA RYBA...