Sobre

O Teatro de La Claca que, como se vê nas imagens, instalou uma tenda perto da Biblioteca de Arte, esteve presente na Exposição-Diálogo com os espectáculos Acções (no Rossio), Festa,  Antologia e Labirinto. Na imprensa pode ler-se a este respeito:

 

“Jardins recentemente murados da Fundação Gulbenkian, 16 de Junho. Uma esplanada improvisada, indefesa perante as fauces de uma tenda branca que lhe fala em espanhol, e, por vezes, em catalão. Sobre a relva, improvisados, também, os gestos malabaristas de umas poucas crianças equilibradas sobre andas. Desde logo, o circo, pois. […] Distribuem-se copos de vinho tinto, justamente como nos espectáculos de circo se vendem rebuçados, pipocas ou, mais recentemente, relógios automáticos japoneses.”

“Enfim, estas são as vistas e um projecto que poderia ser bem mais convincente. Porque tudo tem um ar negligenciado, não por uma lendário viver “rústico”, mas antes, talvez, de se ter ido longe demais nesse esforço de transfiguração, de se terem confundido legitimidades, de se terem multiplicado os adereços de ocasião. E no entanto tudo tem um ar pobre e inseguro. […] A passagem deste Teatre de La Claca entre nós é, aliás, terrivelmente tardio, como manifestação deste espírito de sobrevalorização das “artes menores”.” (Tempo, 21-6-1985)

 

“Sobre o relvado da Gulbenkian, La Claca instalou a sua tenda de trabalho e para a ‘Festa’– apresentação informal do programa previsto para toda esta semana – espalhou por debaixo do arvoredo, ao ar livre, uma série da cadeiras e mesas brancas. Para participar na ‘Festa’ era preciso pagar trezentos escudos. No interior da tenda, o grupo apresentou depois curtos momentos teatrais que exemplificaram o seu género de espectáculo. […] La Claca que pretende “dar com o teatro o conteúdo do que faz o pintor nos seus “quadros”, ou seja, dramatizar a pintura e tornar visual o teatro” possui um repertório diverso.” (Êxito, 13-6-1985)

 

“Utilizando fantoches, máscaras, bonecos e uma tenda desmontável, La Claca representa “um teatro visualizado em redor de toda uma mitologia mediterrânea, de tradições, podendo ser considerado, ao contrário do teatro de mensagem, intelectual ou político, um género poético, uma ponte entre o teatro e a pintura” – conforme nos sublinhou o director da companhia, Joan F. Baixas. […] Para facilitar a sua acção e uma vez que o grupo não pretende fixar-se nesta ou naquela cidade, La Claca adquiriu recentemente um teatro desmontável e, desde então, tem vindo a estudar novas formas de apresentação do seu repertório, podendo considerar-se esta sua apresentação em Lisboa como o início de um “programa experimental”. […] Interrogado se o grupo inclui no seu repertório peças infantis, Joan Baixas foi peremptório: “Considero o teatro infantil um “guetto”. Direi mesmo que sou contra o teatro infantil. Não há teatro para crianças, como não há pintura ou música (só) para crianças Existem, sim, formas essenciais de educar as crianças. Mas penso que elas deveriam ver qualquer tipo de teatro.” (Diário Popular, 12-6-1985)