Sobre
Diz-nos a imprensa a este respeito:
Considerado pela crítica europeia como o “Afro-Nijinsky”, o bailarino negro Ismael Ivo, natural de São Paulo, que conquistou o primeiro prémio a solo no Festival Nacional de Dança Brasileira, vai trazer a Portugal um espectacular bailado intitulado “Under Skin” (Debaixo da pele”). […] Paralelamente [ao espectáculo] e já desde o passado dia 19, estão patentes duas exposições: uma na sala de exposições temporárias do CAM, intitulada “Gravuras Brasileiras – Mestres e Discípulos”, e outra no “hall” da CAM, com fotografias de Emanuel Coutinho. No dia 10 de Março José M. Neistein pronuncia uma conferência sobre “Alguns Aspectos da Arte Contemporânea no Brasil” e, no dia 18, decorrerá uma mesa-redonda subordinada ao tema ”Problemas da Dança Contemporânea”, ambas as iniciativas a realizar no local da mostra. (A Capital, 24-2-1988)
Por outras palavras, Under Skin tem por escopo artístico encontrar maneira de dar voz ao corpo e libertar ao mesmo tempo o movimento. Porquê? Precisamente porque entende a dança como um acto de liberdade. (Tempo, 25-2-1988)
O teatro da crueldade como o concebeu e realizou Artaud é um teatro de provocação, mas não de objectivo provocatório. Quer isto dizer que não está na sua intenção agredir, explorar e matar. Nem sequer tenciona imitar ou explicar socialmente as razões de tal conduta. Se ele é cruel é porque a experiência a que submete os espectadores o é – a experiência é que é aqui o altar da crueldade. As vítimas não são os espectadores, são os actores que (re)vivem a experiência. O espectáculo de Ismael Ivo “Debaixo da pele”, apresentado no passado fim-de-semana na Sala Polivalente do CAM da Gulbenkian,é um momento alto deste género de teatro. Teatro que se pode designar de expressão e que aqui pode levar o apodo de dança: teatro-expressão-dança. Quem já contactou com o teatro de Artaud sabe como é difícil explicá-lo. Ele não quer ser explicado, quer ser experimentado. A paixão de Artaud pelo humano levou-o ao estudo extremo do corpo, pois como invólucro este era a matéria tangível onde se podia exercer o conhecimento, onde a experiência traria a compreensão. Levar tão longe quanto possível o conhecimento do corpo é avançar na chave do conhecimento. Este “quanto possível”, humanamente, não tem limites, ou seja, tem os limites do próprio corpo de cada um. […]” (AM, O Diário, 12-3-1988)
Ficha Técnica
Acompanhamento vocal
VOZES DA AFRICA DO SUL
Coreografia e Apresentação
ISMAEL IVO
Música
EGBERTO GISMONTI & NANA VASCONCELOS DO LP "DUAS VOZES"
Desenho de Luzes
MARIA CHRISTINE BRANDY
Som e Organização Técnica
MICHAEL ZENGERLING, FRITZ VEENSTRA
Cenografia
MARIE CHRISTINE, BRANDY GERALD A. MAYERHOFER
Máscara
ROSSENTO MARTINS
Produção
PEGASOS GMBH - BERLIM