sobre

A propósito deste ciclo sobre Pasolini, escreve Madalena Perdigão:

 

Apresentar teatro de Pasolini ao público português constitui um privilégio, pela importância de que este teatro se reveste no meio teatral contemporâneo distanciando-
se dos outros tipos de teatro que hoje se realizam.
Teatro da Palavra, como o define o autor, inspirado no teatro da democracia ateniense, o teatro de Pasolini propõe-se ser, «antes de mais nada,  debate, troca de
ideias,  luta literária e política ao nível mais democrático e racional possível».
Poucos objectivos poderiam enquadrar-se melhor nas linhas de actividade do Serviço de Animação,  Criação Artística e Educação pela Arte, que desde a primeira hora
se assumiu como um fórum aberto a discussão de ideias.
Dai o provável acerto da escolha.
No entanto,  e por outro lado,  apresentar teatro de Pasolini representa também uma grande responsabilidade  pelas dificuldades que a sua apresentação implica e pelo
muito que exige do público.
Vamos a ver se estamos todos à altura dessa responsabilidade: patrocinadores,  encenador e outros criadores do espectáculo, intérpretes, público.
Vamos a ver se estamos todos à altura de praticar o «rito cultural» que o teatro de Pasolini pressupõe.

Este o grande desafio.

 

Lisboa, Setembro de 1985.
Maria Madalena de Azeredo Perdigão

 

E na imprensa pode ler-se:

 

“Se nasces num país pequeno estás lixado!. A frase é de Pier Paolo Pasolini e só não se aplica inteiramente a Portugal porque, neste caso, o País pequeno tem uma grande Fundação, concretamente a Calouste Gulbenkian… […]” (Sete, 25-9-1985)

 

“A grande homenagem que Lisboa neste momento [se] lhe presta, por iniciativa do Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian, ocorre no momento em que passam dez anos sobre a sua morte violenta às mãos de um “ragazzo di vita” numa praia dos arreadores de Roma. Um colóquio, uma exposição dos seus desenhos e quadros, uma retrospectiva do seu cinema e a estreia de “Pílades” esta semana, com encenação de Mário Feliciano, são os momentos desta semana em que Pasolini é a figura dominante da nossa cena cultural.” (António Mega Ferreira, Jornal de Notícias, 9/10-1985)

 

 

Ficha Técnica

Encenação de Pílades de Pasolini

MÁRIO FELICIANO