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Em colaboração com o CAM é organizado um colóquio sobre Amadeu de Souza Cardoso. No seu programa pode ler-se:
Surgindo como um meteoro na vida artística portuguesa, Amadeu de Souza Cardoso deixou uma obra onde se entrecruzam as mais vivas tendências da vanguarda do seu tempo, das quais soube extrair “de tudo um pouco” interessando-lhe “apenas a originalidade’: como ele próprio disse. A sua morte prematura e a incultura do meio artístico português deixaram esquecida durante quase quatro décadas a obra de Amadeu, até que novas mentalidades a redescobriram. Importa agora, no centenário do seu nascimento, discutir o seu sentido e actualidade.
SILVIA CHICÓ
A imprensa dá conta da iniciativa:
A Fundação Gulbenkian orgulha-se de ser a primeira instituição a celebrar o centenário do nascimento de Souza Cardoso, com um conjunto de actividades que se querem lúdicas, criativas e didáticas […]
[Trata-se de] evitar que aqui se verifique “a comemoração com morte ritual que dispensa agir” [Madalena Perdigão].” (O Diário, 23-07-1987)
Mostrar, dar a ver, dar a ver ao máximo, tal parece o objectivo principal da exposição dedicada ao centenário de Amadeo de Souza-Cardoso […]
Assim, 30 anos depois da revelação que foi a mostra do SNI de 1959 e quatro anos depois de memória que a primeira exposição temporária do CAM, o nosso primeiro modernista pode ser visto de corpo inteiro, na brevidade e na variedade da sua obra.” (José Luís Porfírio, Expresso,)
VER AMADEO HOJE, POR FORA DA HISTORIOGRAFIA TRADICIONAL E DO NEO-REALISMO ESTÉTICO: AMADEO CONTEMPORÂNEO, ATRAVÉS DE HIPÓTESES DE COINCIDÊNCIA DE ATITUDES, ESTRATÉGIAS PLÁSTICAS E VALORES ACTUAIS
Uma junta de bois de barro cor de laranja atinge velocidades a que uma verdadeira parelha de bois jamais poderia aspirar.” Esta frase inventei-a há cerca de três anos […] não é de excluir a hipótese de em tudo isto ter alguma importância o facto de eu escrever sempre numa máquina de escrever cor de laranja.
Amadeo relaciona-se com a natureza, a realidade e os seus elementos sob os modos da velocidade. Configura formas que se reconhecem na vocação de uma bala em ziguezague. (Alexandre Melo, Expresso, 22/08/87)
Teria Stuart assistido à inauguração da exposição de Amadeo, nas salas da Liga Naval, naquele dia 4 de Dezembro de 1916? […] Dois mundos, disse-se acima: dois mundos lisboetas, de diferente e oposta necessidade, ou fatalidade, um limitando-se na observação, por toda a gente, de um quotidiano anedótico, o outro, com seu grupo restrito, vagueando em influencias e ideias importadas onde, afirmava o Almada (mas raro o único a fazê-lo, e, evidentemente, de cor), Portugal se descobria a Europa e século XX, ou vice-versa. (José Augusto França, jornal não identificado, arquivo do ACARTE)
E já no final do ano, num artigo de título “Vanguardas” poderá ler-se
VANGUARDAS
Num mesmo “palco” – a Gulbenkian – Portugal assistiu este ano a dois acontecimenos de relevo desigual, relacionados ambos com vanguardas estéticas de diferentes gerações. O primeiro, a pretexto das comemorações do centeário do nascimento de Amadeo Souza-Cardoso, foi a maior retrospectiva desde sempre realizada em torno de uma obra: 115 mil pessoas (um record de público) puderam ver, pela primeira vez, tudo o que com Amadeo se relacionava, da pintura à caricatura e ao desenho. Mais tarde, ainda na Gulbenkian, os Encontros ACARTE trouxeram da Europa outras vanguardas: teatro, dança, musica e intersecções experimentais entre elas, atrairam o público e dividiram a crítica […]” (Expresso, 26-12-1987)
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