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Ainda em 1989, dando continuidade ao projecto de apresentação de culturas nacionais da Europa realiza-se um colóquio Luso-Espanhol, acompanhado por uma mostra de dança espanhola. Madalena Perdigão sublinha a importância da colaboração e do encontro entre Portugal e Espanha.
Duas vozes valem mais do que uma só, por mais convincente e mais gritante que esta seja. O conhecimento mútuo constitui condição indispensável para a compreensão entre os povos e a partir dar que pode surgir a amizade e a colaboração cultural. Espanha e Portugal tem tudo a ganhar em unir as suas vozes face ao contexto internacional e também em se conhecerem melhor e em cooperarem culturalmente. A identidade de cada uma das culturas esta assegurada por séculos de história, de arte, de tradições. E agora que as fronteiras se esbatem – sobretudo, talvez, aquelas que ainda existem dentro de nós – agora que os dois países estão a chegar a hora da Europa, seria estultícia não unir esforços aquém Pirenéus, antes de abrir portas para além. Benvindo é pois este Colóquio Luso Espanhol de Arte Contemporânea, durante o qual eminentes especialistas versarão temas de artes plásticas; bem-vindo o concerto de musica espanhola e portuguesa; bem-vinda, também, a MOSTRA DE NOVA DANÇA ESPANHOLA que se seguira em Novembro e Dezembro do corrente ano. Tudo manifestações culturais que permitirão um mais íntimo conhecimento entre os dois países, visando os objectivos acima descritos. Tudo dentro dos ideais programáticos do ACARTE, cujo pendor internacionalista e europeísta não exclui de nenhum modo a atenção ao e o interesse que a cultura portuguesa Ihe merecem. Possa a nossa cultura ser também apreciada e estimada em Espanha, num enriquecimento mutuo de importância vital para os dois povos vizinhos e irmãos.
M.M.A.P.
Lisboa, 17 de Outubro de 1989
E na imprensa pode ler-se:
O estreitamento das relações culturais entre os dois países através da abordagem de temas relacionados com as Artes Plásticas, visando um diálogo mais amplo e o aprofundamento do conhecimento mútuo neste domínio, tal o objectivo nuclear do Colóquio Luso-Espanhol de Arte Contemporânea, que por iniciativa da Gulbenkian (Serviço ACARTE) e com o apoio do Arco, de Madrid, decorre desde a tarde de ontem no auditório 3 daquela Fundação. No âmbito do colóquio, realizou-se, à noite, um concerto pelo soprano Lia Altavilla e pela pianista Carla Seixas. Modernidade espanhola em Portugal, renovadores lusitanos e espanhóis e situações ibéricas num contexto global no domínio das Artes Plásticas são, entre outros, temas a debater ao longo dos três dias […]. (Rodrigues Borges, Diário de Lisboa, data não identificada, Novembro de 1989)