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Em Julho, o Anfiteatro ao Ar Livre recebe o ciclo Dança no Anfiteatro ao Ar Livre que este ano, para além das Companhias portuguesas, apresenta também duas Companhias estrangeiras. No programa desta edição Madalena Perdigão visita o trajecto do ciclo, desde o seu início, em 1986:
A animação dos espaços que Ihe são adstritos conta-se como um dos objectivos do ACARTE – Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte – da Fundação Calouste Gulbenkian. Para atingir estes objectivos, um dos meios utilizados tem sido a realização de espectáculos de bailado no Anfiteatro de Ar Livre, em cenário particularmente sugestivo para o efeito. A tradição da realização destes espectáculos, iniciada em 1986, vem merecendo o entusiasmo do público e tem contribuído para criar novos públicos para a dança dentre aquelas pessoas que normalmente não frequentam as salas de espectáculos.
Em anos anteriores, as temporadas de dança no Anfiteatro de Ar Livre foram estritamente confiadas a duas Companhias portuguesas: a Companhia Nacional de Bailado do Teatro de São Carlos e a Companhia de Dança de Lisboa. No ano corrente e graças a um conjunto de circunstancias favoráveis, o leque dos intérpretes é alargado a duas Companhias estrangeiras. Assim, além da Companhia Nacional de Bailado do Teatro de São Carlos, que apresentara alguns dos bailados de maior sucesso do seu reportório, tais como «O Lago dos Cisnes», «Serenade», e «Carmina Burana», teremos a oportunidade de apreciar a técnica e o brilho da Elisa Monte Dance Company, que visita Portugal pela primeira vez (embora os trabalhos da sua titular, Elisa Monte, sejam já conhecidos através da coreografia «Life Time» que montou, em Abril de 1983, para o Ballet Gulbenkian). Por outro lado e aproveitando as comemorações do bicentenário da Austrália, apresentar-se-á, no Anfiteatro de Ar Livre, a melhor Companhia de dança moderna a australiana, a Sydney Dance Company. O Cicio de DANÇA NO ANFITEATRO DE AR LIVRE 88 apresenta-se, portanto, diversificado em relação aos anteriores e com inegáveis garantias de sucesso.
M.M.A.P
Na imprensa pode ler-se:
Vamos correr riscos, vamos cometer erros. Vamos permitir que outros corram riscos e cometam erros. Vamos ser um foro aberto para discussão dos problemas da cultura […]. Estes eram alguma das grandes linhas programáticas do ACARTE do CAM. Isto em 7 de Maio de 1984, data a partir da qual o ACARTE colabora com o CAM. Quando se completam cinco anos sobre o CAM, a Drª. Madalena Perdigão, directora do ACARTE, afirma-nos que essas linhas programáticas se mantêm: “Com alguns sobressaltos pelo caminho e pensando agora que alguns riscos talvez tenham sido exagerados, em projectos que pareciam prometer muito e afinal não resultaram. Mas continuo com essa política de correr riscos e o ACARTE vai continuar dentro de uma linha de apoio à experimentação e ao vanguardismo”. Madalena Perdigão adianta-nos também que, nomeadamente com os espectáculos realizados no anfiteatro ao ar livre, o ACARTE procura conquistar novos públicos para a arte e para a cultura. (Diário Popular, 20-7-1988)
DANÇA AO AR LIVRE
Os belos jardins da FG servirão novamente de pano de fundo ao que de mais importante se vai fazendo a nível de bailado. (Jornal de Letras, 12-7-1988)
Como se sabe e o afirma MAP – directora do ACARTE – “a animação dos espaços que lhe estão adstritos conta-se como um dos objectivos do ACARTE […] da FCG. Para atingir esses objectivos, um dos meios utilizados tem sido a realização de espectáculos de bailado no Anfiteatro de Ar Livre, um cenário particularmente sugestivo para o efeito. Desde 1986 que o ACARTE tem apresentado nesse belo recinto, na época estival, uma série de espectáculos de dança que conquistaram já um público tão numeroso quanto entusiasta, espectáculos efectuados pela Companhia Nacional de Bailado do Teatro Nacional de São Carlos e da Companhia de Dança de Lisboa. O ACARTE, que em prol da divulgação da dança […] tem vindo a realizar uma notável e importantíssima acção artística e cultural, alargou neste presente Verão aquelas temporadas de dança no Anfiteatro de Ar Livre a mais duas companhias, aliás estrangeiras. Foi assim que, ao longo deste mês de Julho, ali se exibiram além da Companhia Nacional de Bailado e da Companhia de Dança de Lisboa […], a Elisa Monte Dance Company […] e a Sidney Dance Company que, numa série de seis espectáculos, apresentou dois programas distintos e que nos revelou a juventude, o brilhantismo e o superior nível que a dança atingiu na Austrália […]. Este facto desmente eloquentemente a generalizada (mas errada) ideia de que os países sem uma longa e sólida tradição de dança de arte só muito lenta e demoradamente conseguirão impor-se nessa área das artes do espectáculo. (Tomás Ribas, A Capital, 27-7-1988)
Já lá vai o tempo em que se tinha por princípio escolher para espectáculos de ar livre bailados de grande efeito plástico e romântico. Aconselhavam-se os Lagos dos Cisnes e outras belas expressões da dança. Mas, agora, os cisnes estão a dar o último “pio” – e diz-se que vão morrer. Imagine-se, assim, a surpresa dos românticos e incautos, ao assistirem no Auditório de Ar Livre da FCG a um “verdadeiro” combate de “boxe”, pela Sidney Dance Company, da Austrália. Não é, aliás, todos os dias que uma grande companhia como esta, australiana, se desloca à Europa e aos Estados Unidos. É, de facto, um privilégio concedido pelo ACARTE. (Manuela de Azevedo, Diário de Notícias, 25-7-1988)
Depois da presença portuguesa na temporada de dança, no Anfiteatro de Ar Livre da Gulbenkian, a ACARTE trouxe-nos a qualidade e a originalidade da Elisa Monte Company com dois programas diferentes. Companhia colorida pela pele dos seus componentes, pode dizer-se que, na subface da sua homogeneidade, se agita a aglutinação de culturas afro-americanas, coadas pela sensibilidade de uma mulher de matriz europeia, latina e italiana. (Manuela de Azevedo, Diário de Notícias, 24-7-1988)
Abertura, diálogo, persistência e risco, embora um risco controlado, são características que modelam a actuação do serviço Acarte. Iniciativas a princípio esparsas foram-se intensificando, sem pressas, à medida que o público respondia coma sua presença e interesse aos desafios lançados. Hoje em dia o programa de actividades do Acarte é diversificado, absorvente e muito concorrido. […] Uma das propostas que foi institucionalizada, graças ao êxito obtido, foi a temporada de dança no Anfiteatro ao Ar Livre. Este ano, o terceiro consecutivo, a iniciativa reveste-se de um interesse particular uma vez que foi alargada a representação estrangeira. (Maria de Assis, Tempo, 21-7-1988)
MAGNETISMO DE ELISA MONTE
Esta é a primeira vez que a companhia, de origem norte-americana, se apresenta ao público português, embora a sua primeira figura, Elisa Monte, já anteriormente tenha coreografado para o Ballet Gulbenkian. […]
Quatro Novos Coreógrafos Encerram Temporada
O programa de encerramento da actual temporada do Ballet Gulbenkian reveste-se de características inéditas na sua história: será integralmente preenchido com obras de jovens coreógrafos portugueses em início de carreira: Margarida Bettencourt, Vera Mantero, Gagik Ismailian e César Moniz. Seleccionados para o efeito com base no trabalho realizado no ano passado para o 12º estúdio coreográfico da companhia, os quatro coreógrafos apresentam uma obra cada um: “Io sono una bambina o sono un disegno?”, coreografia de Margarida Bettencourt com cenário e figurinos de Carlos Zíngaro e luzes de Paulo Graça; “Territórios”, coreografia de Vera Mantero; “Ghavorê”, de Gagik Ismailian com música de António Emiliano; e “Rosa Rosae”, de César Moniz, com música de Philip Glass, cenário e figurinos de Costa Reis. A iniciativa resulta do empenho posto pelo serviço de música da FG no sentido de encorajar a criação coreográfica portuguesa e possibilitar a revelação e o aperfeiçoamento de novos coreógrafos, conferindo ao mesmo tempo ao Ballet da Gulbenkian um perfil próprio também no seu repertório. (Diário de Lisboa, 16-7-1988)
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