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Em Julho 1984, decorreu no Centro de Arte Moderna o Festival do Labirinto, iniciativa que contemplou, da parte do ACARTE, a organização de “um importante programa de actividades culturais complementares” (Diário de Lisboa, 5-7-1984) – exposições, debates, um ciclo de cinema e o espectáculo multimédia O Homem no Labirinto de Jean Clarence Lambert, realizado no recém – inaugurado Anfiteatro ao Ar Livre.
Como o arquivo fotográfico nos permite compreender, este ciclo envolveu ainda a instalação de um enorme e impressionante cenário labiríntico no espaço do CAM.
No entanto, segundo a imprensa da época: “o Festival do Labirinto, na Fundação Calouste Gulbenkian, […] deixou a impressão de ter ficado aquém das expectativas que naturalmente a iniciativa permitia, quer no Espectáculo que dela fazia parte, quer a Exposição.” (Diário de Lisboa, 18-7-1984)
Curiosamente, no que ao espectáculo diz respeito, tal parece dever-se, em parte, a dificuldades de ordem técnica motivadas pelo apetrechamento ainda insuficiente do Anfiteatro ao Ar Livre, como nos faz notar António Mega Ferreira: “Uma aposta parcialmente falhada: apresentada como um espectáculo multimédia. […] Mas o todo é pobre ou, para ser mais rigoroso, desinteressante. Jean Clarence Lambert reconhece a insuficiência do espectáculo, mas queixa-se “das condições do lugar”: o anfiteatro ao ar livre dos jardins da Fundação. Inicialmente, diz Lambert, «este projecto era o desenvolvimento do texto dramático que apresentámos em Paris, em Maio, no Centro Cultural Português. Mas a possibilidade de o fazermos ao ar livre, levou-me, depois do reconhecimento do local, a trabalhá-lo de propósito, para adequar às condições existentes.» […] O que aconteceu então? «quando começámos a trabalhar com os actores apercebemo-nos que o teatro não tinha quaisquer condições acústicas: tínhamos de recorrer a microfones pessoais, funcionando em ligação com um sistema de antenas postas em redor do espaço, que por sua vez transmitiam o som à aparelhagem. Tudo isto complicou extremamente a encenação.» (JL, 27-07-84).
Por seu lado, a atestar a premência do tema escolhido, José Augusto Seabra faz referência à obra recente de Eduardo Lourenço: “Quer se trate do Labirinto da Solidão ou do Labirinto da Saudade, com que o nosso Eduardo Lourenço parafraseou o título de Octávio Paz, o modelo labiríntico permite apreender as estruturas profundas do indivíduo, da sociedade, da comunidade, do Estado, quaisquer que sejam as formas e metamorfoses do poder, nos seus infinitos avatares”. (JL, 27-07-84)
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