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Dez anos após um dos mais rápidos processos de descolonização de que há memória, o ACARTE organiza as Jornadas de Letras e Artes dos Países Africanos de Língua Portuguesa compreendendo um colóquio, uma exposição de escultura e uma exposição bibliográfica, quatro concertos e um espectáculo de teatro.  Como nos diz o Jornal de Letra:

 

“criar um clima inspirado pelas civilizações africanas de expressão portuguesa é o objectivo principal dos organizadores das Jornadas que se realizam nas instalações do Centro de Arte Moderna, em Lisboa.” (Jornal de Letras, data não identificada, arquivo do ACARTE.)

 

Para tal, para além de uma exposição de escultura africana foram organizados concertos de grupos como Os Tubarões (Angola), Travadinha e Sossabe (Cabo Verde), Katchu Lambe (Guiné-Bissau). Pode ler-se no jornal de letras:

 

“Anteontem, a assistir ao bastante animado espectáculo de Os Tubarões no anfiteatro dos jardins da Gulbenkian, estavam, pelo menos, duas pequenas com t-shirts ‘USA for Africa’. É que a palavra África, nos últimos tempos, tem surgido como centro e motor de múltiplas frases e empreendimentos: agrupáveis em duas linhas que, para ser directo, se podem designar por linha da fome e linha da música. […]” (Jornal de Letras, 16-7-1985)

 

E por ocasião do Colóquio sobre as Literaturas dos Países Africanos de Língua Portuguesa a imprensa enfatiza a Lusofonia como um novo ‘espaço português no mundo’:

 

“O espaço definido pela lusofonia no Mundo acabará por se afirmar “para além e acima das conjunturas, dos desencontros e das ideologias”, defendeu em Lisboa Vítor Sá Machado, administrador da Fundação Gulbenkian. O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros português fez esta afirmação ao inaugurar, no Centro de Arte Moderna, um colóquio sobre “Literaturas dos países africanos de língua portuguesa – tradição e modernidade”, organizado pelo Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte, daquela fundação. […] O interesse do colóquio advém do facto, segundo Sá Machado, de a arte e a literatura dos novos estados africanos constituírem um momento ou expressão de uma procura da identidade cultural e “esta mesma se descobre, exprimindo-se em Português e, nessa medida, exprime a essencial fraternidade que nos liga a todos os que no Mundo falamos português”. Referindo o reforço dos laços entre Portugal e outros países de Língua Portuguesa em que se tem empenhado a Fundação que administra, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros declarou que a instituição o faz “na convicção de contribuir para um objectivo nacional eminente”: o de “dar corpo e substância a uma solidariedade naturalmente decorrente das responsabilidades que a uns e outros o passado nos legou e o largo futuro nos aconselha”. (Jornal de Notícias, 11-7-1985)

 

E noutros jornais pode ler-se:

 

“A literatura não parou nos “Maias” e no “Quarteto de Alexandria”. A sul do chiado e do Suez há, hoje em dia, gente que escreve maravilhosamente. Bem haja a Gulbenkian por no-lo ter recordado!” (Jorge Heitor, jornal ?, 7-1985) “[O] colóquio [sobre literatura dos países africanos de língua portuguesa] “valeu a pena” e constituiu “um ponto alto no estudo da literatura africana de língua portuguesa”. (Diário de Lisboa, 15-7-1985)

Ficha Técnica

Organizadores

CAM E MUSEU DE ETNOLOGIA

Colaboração

DOUTOR MANUEL FERREIRA

Patrocinador

INSTITUTO DE ESTUDOS AFRICANOS DA FACULDADE DE LISBOA