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A respeito desta iniciativa, que compreende ia realização de um workshop, diz-nos Madalena Perdigão, sublinhando o carácter performativo da interpretação dos músicos:

 

“A Fundação Calouste Gulbenkian, através do seu Serviço de Animação, Criação Artística e Educação Pela Arte – Acarte -, vai levar a efeito na sala polivalente do Centro de Arte Moderna um Ciclo intitulado “Nova Música Improvisada». Os músicos que vão ser apresentados neste Ciclo, em que o acto do concerto é também uma «performance», possuem elevados conhecimentos teóricos. A capacidade técnica e expressiva destes músicos é permanentemente posta em relevo, numa intenção de criarem novas músicas através dos fecundos caminhos proporcionados pela improvisação. Os músicos da Música Improvisada são oriundos de diversos horizontes musicais: do Jazz de Vanguarda, a maior parte, mas também da Música Erudita, da Música Contemporânea, da Música Electrónica e, não raros, da Música Rock de Vanguarda.
M.M.A.P”

 

E na imprensa pode ler-se:

 

“Se bem que haja um Serviço de Música na Fundação, este serve apenas a música clássica e oferece um apelativo anual de nova música com os “Encontros”, espécie de consagração museológica da música contemporânea. Durante o ano, o mesmo Serviço de Música subsidia toda a espécie de festivais retrospectivos, quando não dinossáuricos ou com fugazes suspiros de inovação (o caso do jazz é clamorosamente entregue ao director dum clube e é sonegada a verdadeira dimensão desta música – foi negado apoio a Luís Villas-Boas…); mas o ACARTE tem sido, este sim, o único capaz de movimentar novas ideias musicais e tem cumprido o meritoso papel de divulgar e acarinhar a música de hoje, feita por portugueses ou estrangeiros. Desta vez, este ciclo “Nova Música Improvisada” deverá estar vocacionado para pôr termo ao enorme litígio entre aqueles que defendem, e muito acertadamente, um princípio de identidade e historicidade para o Jazz e aqueles que confundem música aberta ou improvisada com Jazz. […] Pensamos pois ser importante assistir a estes concertos, tão importante quanto a Gulbenkian modernizar os seus critérios musicais; se bem que o Acarte comece a dar essas provas de modernidade. […] (Jorge Lima Barreto, jornal não identificado, arquivo do ACARTE)

 

 

“ […] qualquer coisa começou a debater-se ente nós em torno do tema improvisação. Os ecos imediatos foram, no entanto, pobres. Em relação ao Ciclo de Música Improvisada, na Gulbenkian inquietaram-se alguns espíritos por não ser jazz e, no que diz respeito à dupla Paredes/Vitorino d’Almeida, foi pior, porque o disco não é nem erudito nem popular, é outra coisa. A improvisação anda a baralhar os bons conceitos de muita gente.” (Rui Eduardo Paes, Diário de Lisboa, 26-11-1986)

 

 

“O ciclo de música improvisada terminou com um saldo extremamente positivo e deixando em todo o público, que sempre esgotou as lotações, uma memória de novos sons e de novas concepções de música. Os workshops terão decorrido de forma deveras informativa para músicos e assistentes e apenas um silêncio musicológico, de cortar à faca, separou a música do seu público. Não há dúvida de que um suporte técnico teria predisposto a audiência para uma melhor compreensão estética, sensível e mesmo histórica, deste fenómeno tão insólito de música contemporânea improvisada.” (Diário de Lisboa, 18-11-1986)