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Em “Vertentes do Teatro Musical” o ACARTE agrupou ” sob esta designação, dois espectáculos que tem de comum a música e a poesia, não sendo, todavia, nem um recital de canto, nem um recital de poesia”: ‘Viagem de Inverno’ de Pedro Calapez/Nuno Vieira de Almeida e ‘Conversa para um contrabaixo e uma inquietação’ de Manuel Cintra/Grupo Colecviva. [A uni-los está] o carácter experimental e de pesquisa, [ a dar-lhes] forma complementar o teatro e o movimento.
Madalena Perdigão explica a iniciativa:
Agrupamos, sob esta designação, dois espectáculos que tem de comum a música e a poesia, não sendo, todavia, nem um recital de canto, nem um recital de poesia.
Une-os o carácter experimental e de pesquisa, dão-lhes forma complementar o teatro e o movimento. A pintura surge num dos espectáculos como disciplina actuante, confirmando a moderna tendência de introduzir elementos pictóricos, com valor próprio, no interior da cenografia. O actor e mais do que actor, o musico fala e evolui, o bailarino move-se de maneira não convencional, ouve-se a voz «off» de um actor, um texto teatral e introduzido numa obra musical, a poesia assume-se como espectáculo, os temas são a solidão, a morte, o esquecimento, a inquietação.
A convicção de que as palavras não dizem tudo. 0 que os respectivos autores sentiram no momenta de as escrever, leva ao seu desdobramento cénico e musical.
Trata-se de criações colectivas, quer total mente originais, quer trabalhadas sobre textos de outros autores. A incomodidade destas criações, aliada as suas características atrás apontadas, torna-as extremamente atractivas para o ACARTE, dados os objectivos do Serviço e também, assim o esperamos, para o publico. Ambos os espectáculos se propõem abrir caminhos para o futuro, numa perspectiva interdisciplinar que não se confunde com a arte total, com o Grande Teatro do Mundo, dos Séculos XVI e XVII, nem com o teatro total de Erwin Piscator, dos princípios deste Século, mas constitui, sim, uma arte inventiva e intimista, aberta às reacções do publico.
M.M.A.P.
Lisboa, 28 de Janeiro de 1989
E na imprensa pode ler-se:
Vertentes de Teatro Musical” é como se denominam os dois espectáculos que o Serviço ACARTE da Gulbenkian vai reunir e apresentar nos próximos dias, na Sala Polivalente da Fundação. […] Segundo Madalena Perdigão, directora do ACARTE, são dois espectáculos que “têm em comum a música e a poesia, não sendo, todavia, nem um recital de canto, nem um recital de poesia”. […] Segundo Nuno Vieira de Almeida (que já em 1987 tinha produzido juntamente com o artista plástico Pedro Calapez “Le Travail du Peintre”, também para o ACARTE), “é fácil arranjar um paralelismo entre as “alternativas” de Beckett e os “exteriores” de Schubert. Mostrá-lo trará outros problemas”. […] “Conversa entre Um Contrabaixo e Uma Inquietação” é um espectáculo em que, nas palavras de Manuel Cintra, responsável pelo texto, o público desempenha um papel importante. (Diário Popular, 23-2-1989)
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